Por: Amanda Coelho Siqueira, aluna de Graduação em Enfermagem pela UFF.
Orientação: Prof.ª Dr.ª Lucianne Fragel Madeira e Dr. Gustavo Henrique Varela Saturnino Alves.
Uns dizem que deveria ser legalizada, outros dizem que deveria ser um crime, mas em meio a tanta polêmica sobre o uso da Cannabis no Brasil, não podemos esquecer que esta planta possui um papel fundamental no tratamento de doenças. A Cannabis Sativa possui diversos compostos químicos que são chamados de canabinóides, e entre eles existem dois que possuem certa relevância em estudos, o Tetrahidrocanabinol, ou THC, e o Canabidiol, mais conhecido como CBD.
O uso do CBD tem emergido como um recurso terapêutico promissor no tratamento de diversas doenças, marcando uma revolução na medicina contemporânea. Este composto possui propriedades medicinais que vão além das estigmatizações associadas ao uso recreativo da maconha.
A importância do CBD reside principalmente em sua capacidade de interagir com o sistema endocanabinóide do corpo humano, um sistema complexo responsável por regular uma variedade de funções fisiológicas, como o sono, o humor, o apetite, a dor e a imunidade. Estudos têm demonstrado que o CBD pode ajudar no alívio de sintomas de condições como epilepsia, ansiedade, esquizofrenia, dor crônica, distúrbios do sono e até mesmo em certos tipos de câncer.
Fonte: FERNANDES, 2020.
Já o THC, que é o principal composto psicoativo da Cannabis, se liga aos receptores canabinóides no cérebro, produzindo seus efeitos psicoativos que podem incluir mudanças de humor, percepção e cognição. Também pode levar a comprometimento da memória de curto prazo, julgamento alterado e, em alguns casos, ansiedade ou paranoia.
O que difere do CBD, que não apresenta os efeitos psicoativos associados ao THC. Isso significa que os pacientes podem usufruir dos potenciais benefícios terapêuticos do CBD sem experimentar alterações na percepção mental ou na função cognitiva. Ainda é fundamental ressaltar que mais pesquisas são necessárias para compreender completamente os mecanismos de ação do CBD e seu potencial terapêutico em diversas condições médicas.
O uso medicinal da Cannabis não vem de agora, há milênios atrás no Continente Asiático, a planta era usada em forma de chá para tratar e aliviar os sintomas de diversas doenças como malária, reumatismo, dor de ouvido, convulsões e até para as dores do parto. Com o passar do tempo, a informação do potencial que a planta possui se alastrou pelo mundo inteiro e consolidou-se um mercado de vendas em toda Europa e América.
Fonte: CONHEÇA A HISTÓRIA DA CANNABIS MEDICINAL – AMAME.
Porém, o uso da planta passou a ser associada com as minorias, como imigrantes, escravos, indígenas, e o seu uso foi proibido pela Convenção Única de Entorpecentes, em 1961, reconhecendo apenas o uso medicinal daqueles países que oficializasse uma agência reguladora para a Cannabis e seus derivados nos seus ministérios da Saúde, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regula o uso de produtos à base de Cannabis. Desde 2015, a ANVISA permite a importação de produtos à base de CBD mediante prescrição médica para pacientes que apresentem determinadas condições médicas, como epilepsia refratária, autismo e doenças neurodegenerativas. Porém, em dezembro de 2019, a ANVISA aprovou a regulamentação para a fabricação, importação e comercialização de produtos à base de cannabis para uso medicinal no Brasil. Desde então, alguns produtos à base de CBD têm sido registrados e estão disponíveis em farmácias.
Apesar dos avanços na regulamentação, ainda existe um certo estigma associado ao uso de produtos derivados da Cannabis, sendo a conscientização essencial para mudar este preconceito sobre o uso medicinal da planta. Além disso, esse panorama dificulta também o acesso para as pessoas em necessidade do medicamento, que possui um custo caro e de difícil popularização.Em síntese, o uso de CBD no Brasil está se tornando cada vez mais aceito e regulamentado, oferecendo novas perspectivas no manejo de doenças crônicas, sendo a ANVISA fundamental em seu papel regulamentador. Com o contínuo avanço da pesquisa e da legislação, espera-se que o potencial terapêutico do CBD seja cada vez mais explorado e integrado às práticas clínicas, proporcionando alívio e melhor qualidade de vida para um número crescente de pacientes ao redor do mundo.
REFERÊNCIAS
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