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Saúde mental: abordagens não convencionais para sua conservação

Por: Kevin Sousa Barbosa, aluno de graduação em Enfermagem pela UFF.
Orientação: Prof.ª Dr.ª Lucianne Fragel Madeira e Dr. Gustavo Henrique Varela Saturnino Alves.

À medida que as demandas em saúde mental têm crescido consideravelmente ao longo dos anos, torna-se necessário adotar medidas e abordagens variadas para atender os indivíduos com essas exigências, independentemente da complexidade dos problemas apresentados.

Nesse contexto, destacam-se as Práticas Integrativas e Complementares (PIC), que representam recursos com capacidade de atuação em diferentes frentes relacionadas à recuperação da saúde e prevenção de agravos, tanto físicos quanto mentais. Além disso, as PIC, de maneira geral, consistem-se em abordagens não medicamentosos voltados para o autocuidado, que enfatizam o acolhimento, a criação de vínculos e a integração do paciente ao seu meio ambiente e comunidade (Aguiar; Kana; Masiero, 2019).  Segundo a Organização Mundial da Saúde, as PIC estão alinhadas ao que é conhecido como “medicina tradicional/complementar/alternativa” (Carvalho; Nóbrega, 2017).

QUAIS SÃO AS POSSIBILIDADES DE PIC

Todas as práticas integrativas e complementares (PIC) listadas a seguir são fundamentadas e reconhecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo Ministério da Saúde (MS), valorizando a diversidade de abordagens terapêuticas que representam. Estas práticas são institucionalizadas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), aprovada pela Portaria nº 971/2006. Temos:

  • Acupuntura (medicina tradicional brasileira): procedimentos que envolvem a estimulação de regiões específicas do corpo humano através da inserção de agulhas delgadas como fios, trazendo diversos benefícios, tais como alívio da: enxaqueca; fibromialgia; artrite; lombalgia; e, dor menstrual;
  • Fitoterapia: embasada no acúmulo de conhecimentos ao longo das gerações, é uma terapêutica caracterizada pelo uso variado de plantas medicinais de maneiras diversas, sem a utilização de substâncias isoladas, mesmo que sejam de origem vegetal;
  • Crenoterapia/Hidroterapia: introduzida com a colonização europeia, consiste na utilização de águas minerais em tratamentos de saúde. Também é conhecida como “medicina termal”, tendo sua aplicação direcionada, principalmente, ao alívio da dor. Ademais, a hidroterapia referência o uso de água comum, enquanto a crenoterapia faz referência a água termal;
  • Medicina antroposófica: integra e amplia a medicina convencional, agregando aos indivíduos uma concepção antroposófica. Isto é, traz à tona uma abordagem que considera nossos aspectos físicos, vitais, anímicos e espirituais. Consequentemente, quaisquer abordagens tomadas com o intuito de melhorar ou manter a saúde são mais completas;
  • Homeopatia: representa um sistema holístico, baseado no uso da lei dos semelhantes. Por exemplo, utiliza-se uma substância que, quando experimentada por um indivíduo saudável, causa os mesmos sintomas que o doente apresenta. É um princípio similar ao das vacinas.

SAÚDE MENTAL E OS BENEFÍCIOS DAS PIC

A Organização Mundial da Saúde reconhece a saúde mental como o estado de equilíbrio mental que possibilita a realização de tarefas que requerem diferentes habilidades, cotidianas ou não, sem que isso cause estresse ou afete a produtividade do indivíduo. Para possibilitar que esse cenário ocorra em sua forma ideal, as PIC se fazem presentes como potencializadores dos resultados trazidos pelos tratamentos convencionais (farmacológicos, psiquiátricos e psicoterápicos). Ou seja, o objetivo não é substituir as abordagens tradicionais, mas sim torná-las mais suscetíveis (Guimarães et al, 2023).

BENEFÍCIOS

  • Relaxamento e bem-estar;
  • Alívio da dor e da ansiedade;
  • Redução do uso de medicamentos;
  • Estímulo do contato profissional-paciente (vínculo);
  • Melhora na qualidade do sono;
  • Melhoria da qualidade de vida;
  • Fortalecimento do sistema imunológico.

Em suma, mesmo que a saúde mental esteja associada a aspectos como ansiedade, depressão, condição socioeconômica, envelhecimento, doenças crônicas e estresse, os quais têm se tornado recorrentes no cotidiano da vida moderna, é de extrema importância saber que existem contramedidas acessíveis para que esses mesmos aspectos não desencadeiem problemas de saúde cedo ou tarde. Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza 29 diferentes tipos de PIC com segurança e eficácia cientificamente asseguradas, os quais podem ser benéficos tanto para os pacientes quanto para os profissionais da saúde de diferentes regiões do Brasil (ibid).

Se você, leitor, tem interesse em receber atendimento que integre uma das Práticas Integrativas e Complementares (PIC), acesse o link: https://subpav.org/ondeseratendido/. O mesmo, criado pela prefeitura do Rio de Janeiro, integra a localização de Unidades Básicas de Saúde (UBS) que oferecem as PIC como parte de seus serviços de saúde.

REFERÊNCIAS

AGUIAR, J.; KANAN, L. A.; MASIERO, A. V. Práticas integrativas e complementares na atenção básica em saúde: um estudo bibliométrico da produção brasileira. Saúde debate, v. 43, n. 123, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sdeb/a/5NdgGYwFCNsQPWZQmZymcqM/abstract/?lang=pt#

ANTUNES, J. M. et al. Hydrotherapy and crenotherapy in the treatment of pain: integrative review. Brazilian Journal of Pain, v. 2, n. 2, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/brjp/a/CbMH8w9CrGMqfcKhynYcdsG/?format=pdf&lang=pt

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 971/2006. Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0971_03_05_2006.html

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS: atitude e ampliação de acesso / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_praticas_integrativas_complementares_2ed.pdf

FIOCRUZ. Práticas e Soluções em Saúde do SUS. Medicina Antroposófica: do que estamos falando? Disponível em: https://ideiasus.fiocruz.br/publicacao/medicina-antroposofica-do-que-estamos-falando/

GUIMARÃES, B. T. et al. As práticas integrativas e complementares e os seus benefícios na saúde mental: uma revisão integrativa da literatura. Brazilian Journal of Health Review, v. 6, n. 5, 2023. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/63435

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM SAÚDE. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares a relação com as práticas no âmbito da Atenção Básica. 2016. Disponível em: https://laticsufcg.blogspot.com/2016/06/politica-nacional-de-praticas.html

PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Saúde. Ações em saúde: práticas integrativas e complementares. Disponível em: https://www.rio.rj.gov.br/web/sms/praticas-integrativas

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