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Racismo ambiental: um racismo além das etnias

Por: Thiago Silva Pedrozo Trancoso, aluno de Graduação em Enfermagem pela UFF

Com o passar de tempo é cada vez mais notórias as desigualdades sociais que são expressas na sociedade, motivadas por preconceitos. Um desses preconceitos é o racismo étnico, um grande divisor de águas na sociedade, mas como o racismo pode estar ligado ao meio ambiente e o que isso significa para a sociedade?

Fonte: ALTER comunicações
Fonte: Brasil de Fato

O QUE É RACISMO AMBIETAL?

Racismo ambiental é um termo recente, surgido no final do século XX, com o crescimento das grandes indústrias e a superprodução de lixos e resíduos industriais de todos os tipos. O crescimento de resíduos acompanha uma questão que paira sob a sociedade e a comunidade ecológica: Onde esses lixos são depositados e como são descartados?

A pesquisadora Tânia Pacheco define o racismo ambiental da seguinte forma: “chamamos de Racismo Ambiental às injustiças sociais e ambientais que recaem de forma desproporcional sobre etnias vulnerabilizadas […] O racismo ambiental não se configura apenas através de ações que tenham uma intenção racista, mas igualmente através de ações que tenham impacto racial, não obstante a intenção que lhes tenha dado origem.”

O racismo ambiental ocorre quando o descarte de resíduos, sejam urbanos ou industriais, são depositados em áreas, que majoritariamente, residem as minorias localizadas às margens da sociedade, impactando não só o meio ambiente local, mas as vidas, as relações e o modo de viver sem que receba a devida atenção para as consequências ou a punição para os verdadeiros culpados.

A QUANTO TEMPO ISSO OCORRE?

A prática do racismo ambiental ocorre há muitas décadas, principalmente pós-revoluções industriais, devido à negligência dos países conhecidos como desenvolvidos. Mas, em 1980, quando grupos de jornalistas, povos locais e ativistas de movimentos ambientalistas denunciaram diversos navios estadunidenses e italianos a procura de territórios na América latina, Ásia e África para despejo de materiais tóxicos.

Assim, pós esse e outras séries de descobertas de crimes ambientais, que o termo “Racismo ambiental” começou a ser mais debatido e explorado.

E O BRASIL?

O nosso país tem enfrentado e ainda enfrenta diversas tentativas de recebimento de cargas de resíduos de outros países. Essas cargas são enviadas com rótulos de materiais reutilizáveis que, na verdade, são resíduos hospitalares ou lixos urbanos. Um exemplo disso ocorreu em 2009, o qual teve grande repercussão mundial, quando a Inglaterra enviou 1169 toneladas de lixo químico, hospitalar e doméstico com rótulos de ‘polímeros de polietileno’ e ‘resíduos plásticos’ para indústrias de reciclagem. Este é um dos maiores casos já registrados no Brasil de envio de lixo externo.

Nas cidades e regiões urbanas, o racismo ambiental afeta significativamente a população que vive em favelas e periferias, onde historicamente tem uma maioria da população negra.

A falta de acesso a serviços básicos, como água potável e saneamento, de estrutura urbana e de condições de moradia digna afetam a saúde e a qualidade de vida dos moradores e agrava ainda mais os impactos das mudanças climáticas, ocasionando enchentes e deslizamentos.

Em suma, o racismo ambiental, apesar de ter sido recentemente nomeado, é praticado há anos, afetando diretamente os povos que historicamente foram usurpados pelos mesmos países que hoje tentam transformá-los em lixeiras mundiais. Entretanto, a sociedade está cada vez mais capaz de entender que esse tema deve ser combatido em prol dos direitos ambientais e humanos, visando um futuro menos desigual e mais saudável.

Algumas medidas que podem ser tomadas para diminuir o racismo ambiental incluem a criação de políticas públicas que levem em conta as desigualdades sociais e econômicas, a garantia do direito à participação das comunidades afetadas na tomada de decisão, a promoção da educação ambiental e a valorização do conhecimento tradicional das comunidades.

REFERÊNCIAS

1. RACISMO ambiental no brasil e as tragédias climaticas. [S. l.], 15 mar. 2023. Disponível em: https://www.alterconteudo.com.br/2023/03/15/racismo-ambiental-no-brasil-e-as-tragedias-climaticas/. Acesso em: 6 jun. 2024.

2. JESUS, V. de. RACISMO AMBIENTAL, NAVIOS DE LIXO E QUARTO DE DESPEJO: A GEOPOLÍTICA NEOCOLONIAL AMBIENTALMENTE TÓXICA DO DESCARTE DE RESÍDUOS NOS PAÍSES “LIXEIRAS DO MUNDO”. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN)[S. l.], v. 14, n. Ed. Especi, p. 25–51, 2022. Disponível em: https://abpnrevista.org.br/site/article/view/1329. Acesso em: 26 jun. 2024.

3. O QUE é racismo ambiental e de que forma impacta populações mais vulneraveis. [S. l.], 16 jan. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/secom/pt-br/fatos/brasil-contra-fake/noticias/2024/o-que-e-racismo-ambiental-e-de-que-forma-impacta-populacoes-mais-vulneraveis. Acesso em: 4 jun. 2024.

4. https://www.alterconteudo.com.br/2023/03/15/racismo-ambiental-no-brasil-e-as-tragedias-climaticas

5. https://www.brasildefato.com.br/2021/11/18/afinal-o-que-e-racismo-ambiental

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