Por: Mariana de Mattos Silva – aluna de graduação em Enfermagem pela UFF.
Orientação: Prof.ª Dr.ª Lucianne Fragel Madeira e Dr. Gustavo Henrique Varela Saturnino Alves.
Uma das maiores referências de beleza na fauna brasileira e protagonistas de um longa-metragem de sucesso que fala sobre preservação e cultura, as araras brasileiras enfrentam uma situação de vulnerabilidade em sua própria casa. Isso se dá pela caça ilegal que ocorre no país há muitas décadas. Desde os anos 60 a caça foi proibida através da Lei de Proteção à Fauna, de número 5.197, em 3 de janeiro de 1967. Contudo, o impasse legal nunca foi forte o suficiente para interromper a prática covarde de captura e tráfico de animais silvestres. Um dos mais afetados por essa atividade são os Psitacídeos, ordem composta por diversas espécies, como os papagaios, periquitos, calopsitas e diversos outros, sendo a arara, a principal representante deste grupo.
Os dados não mentem, as aves foram a classe mais comercializada legalmente entre os anos de 1999 e 2000, segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), registrando uma totalidade de 82% de todos os animais e, até os dias atuais, o mercado ilegal de contrabando de animais silvestres está entre os cinco maiores no mundo, tendo o Brasil como cliente VIP. Podemos observar esse fato por meio da recente notícia publicada pela Agência Brasil no último mês de 2023, que discorre sobre a permanente recorrência do contrabando de animais silvestres. E especificamente, 30 aves silvestres adquiridas ilegalmente e sendo mantidas em cativeiro no Rio de Janeiro. Também podemos mencionar, a presença desses psitacídeos em feiras livres ilegais, como a Polícia Ambiental da Paraíba relata, encontrando, por operação, uma média de 150 aves para venda. Esses fatos apontam para um mercado ilegal ainda ativo.
Outras espécies de araras nativas do Brasil, como a Arara-canindé, Arara-canga, Arara-azul-de-lear e a Ararinha-azul também estão na mira de diversos contrabandistas e presentes em listas de conservação por órgãos protetivos da fauna, como a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), que dispõe um status para cada espécie, indo da classificação pouco preocupante até a extinção completa. Nesta lista, as araras com a classificação de vulnerável, em perigo e em perigo crítico, respectivamente, são: Arara-azul-grande, Arara-azul-de-lear e Ararinha-azul. De acordo com o esquema a seguir, das espécies citadas a Ararinha-azul é a que mais apresenta tendência de ser classificada como extinta na natureza.
A motivação por trás da caça clandestina é normalmente justificada pela beleza da plumagem das araras, o belo canto que as mesmas realizam, e, também, pelo tamanho e longevidade, como por exemplo, da mais famosa de todas, a Arara-azul-grande, que tem a capacidade de alcançar 100 cm de comprimento e viver por até 50 anos. Mas qual é o limite da admiração? Os malefícios observados ao longo de todos esses anos causados pela caça e contrabando podem ser enumerados e devem ser discutidos, na tentativa de conscientizar aqueles amantes de animais que os retiram de seus habitats, impossibilitam sua habilidade de caça, defesa de predadores, processo reprodutivo e causam sofrimento e até morte aos animais. A simples proibição da caça adianta nada se não estiver conectada com um movimento nacional de conscientização, principalmente nas áreas mais afetadas por essa prática, a fim de favorecer a necessária preservação dos nossos animais, uma
tentativa de recuperar, ou minimamente, , manter a biodiversidade e os ecossistemas brasileiros, que são uma grande fonte de riqueza mundial e, culturalmente, patrimônio do povo brasileiro.
Referências Bibliográficas: