Ciências Sob Tendas

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Sabia que seus dedos são únicos?

Pois é, se você não se acha especial, saiba que está bem enganado, pois você tem uma parte única e exclusiva! Isso mesmo, a sua digital, que também é usada para te dar uma identidade.

Olhe para seus dedos e analise como as voltinhas de cada um deles são bem definidas, mas como isso é feito? Vamos lá que eu te explico!

Suas digitais são produzidas ainda durante o desenvolvimento do feto, e não mudam nada ao longo da vida. Elas são construídas através da interação entre duas proteínas, as quais produzem várias ondas de sulcos e cristas.

Calma que já vamos te explicar de maneira simples como isso acontece! Esse sistema de sulcos e cristas é chamado de dermatóglifos, e podem formar 3 padrões de impressão digital: arco, laço e espiral (imagem 1).

imagem 1: Tipos de padrão de impressões digitais de acordo com o número de triradii/deltas (triângulos) e núcleos (círculos). Existem três tipos principais: arco, laço e verticilo. Cada grupo principal contém dois subtipos de acordo com a inclinação, direção das cristas e o núcleo variável.

Estudos anteriores relataram que a formação desses padrões podem ser influenciados tanto por diferenças populacionais, quanto pela hereditariedade, e também há estudos que destacam a importância de padrões genéticos e o desenvolvimento fetal bem estruturado para que seja definido esses padrões da impressão digital humana. Inclusive genes que influenciam a formação dos dermatóglifos já foram descritos em um trabalho de Headon e colaboradores em 2022, recente não é? (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8740935/).

Neste trabalho foram realizados estudos de cunho anatômico e genético durante todo o desenvolvimento fetal. Foi descoberto que as impressões digitais apresentam um padrão de formação semelhante ao de um folículo piloso. E o que é isso? Um folículo piloso é a estrutura anexa complexa do tecido epitelial responsável por revestir e produzir pelo, e que é composta por 1 fio de cabelo ou pelo (presentes só em mamíferos!) e apresenta o bulbo, glândulas e órgãos anexos (figura 2).

Porém, as células responsáveis pelo padrão dos dermatóglifos não incorporam por baixo da superfície da pele, por isso conseguimos observar na superfície os sulcos e as cristas da nossa digital.

figura 2: 1: pelo; 2: superfície da pele; 3: sebo; 4: folículo piloso; 5: glândula sebácea.

E os padrões, o que dita eles?

Em 1952, o matemático Alan Turing, propôs a teoria da morfogênese de reação-difusão, que serviu como base para muitas teorias da biologia. E o que essa teoria nos diz ? A teoria descreve como padrões na natureza podem surgir naturalmente ou de maneira autônoma a partir de um estado homogêneo e uniforme. Assim, Turing sugere que duas substâncias (X e Y) distribuídas de maneira uniforme interagirão entre si para produzir esses padrões. Como assim? Por exemplo, a substância X pode promover a produção de mais substância X ou Y, e Y pode inibir a produção de X.

figura 3: três exemplos de padrões de Turing

Com isso em mente, Headon e seus colaboradores estudaram os padrões em camundongos e em cultivos de células humanas e descobriram uma proteína responsável para a formação de cristas e outra responsável por inibir essas cristas, o que caracteriza a teoria da morfogênese de reação-difusão. Essas cristas partem como uma onda de três distintas regiões: pela ponta do dedo, pelo meio do dedo e pela base do dedo; e essas ondas colidem formando os diversos padrões de impressões digitais espalhados pelo mundo.

figura 4: padrões de impressão digital

E aí, curtiu? Até as curvinhas do nosso dedinho apresentam ciência!

Padrões assim acontecem na natureza com frequência, sabia? Já reparou que todas as zebras apresentam padrões de listras diferentes? E os guepardos, onças, etc? Cada um apresenta a sua própria identidade igual à gente. 🙂

Referências bibliográficas:

  1. cada imagem apresenta o link de onde a peguei
  2. Glover, JD et al. Celular https://doi.org/10.1016/j.cell.2023.01.015 (2023).
  3. Li, J. et ai. Cela 185 , 95–112 (2022).
  4. Turing, AM Philos. Trans. R. Soc. Lond. B 237 , 37–72 (1952).
  5. https://www.nature.com/articles/d41586-023-00357-x

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