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Salmonella no Kinder Ovo? E agora?!

Autora: Iara Alves Hooper Vasconcelos

Nas últimas semanas, uma notícia alarmou os amantes do chocolate: a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a importação de chocolates da Kinder por haver uma suspeita de contaminação dos lotes em questão pela Salmonella typhimurium. A representante Ferrero do Brasil afirmou que os produtos contaminados não são vendidos em território nacional e, por isso, a Anvisa alegou que tal medida foi de caráter preventivo. O lote em questão foi detectado na fábrica de Arlon, na Bélgica, e os primeiros casos foram notificados para a Kinder Europa.

Figura 1: Referência para o Kinder Surprise, vendido na Europa. Seria interessante para a primeira foto, estando em destaque, não pequeno. Creative Commons, do WordPress.com.

Mas afinal, o que é essa Salmonella e qual o perigo dela para nós seres humanos?

A Salmonella typhimurium é uma bactéria da família enterobacteriaceae. Entero signica intestino, o que indica que a mesma precisa de uma microbiota intestinal para sobreviver, normalmente de animais como porcos, galinhas e gado.

Figura 2: Em vermelho, a bactéria S. T. no tecido do intestino. Fonte: Imagem Creative Commons disponibilizada no site Wordpress.com

Quando consumimos alimentos contaminados com as fezes destes, a bactéria pode entrar em nosso organismo e se alojar em nosso intestino, afinal, esse é o ambiente favorável ao seu crescimento.

Um dos sintomas mais comuns a surgir quando o indivíduo contrai a Salmonella é a febre. Muitos estudos já foram feitos sobre o estado febril e é conhecido que é normalmente gerado no organismo como uma resposta imunológica contra um corpo invasor, como bactérias, fungos e vírus malignos.

Essa ação busca elevar a temperatura corporal de maneira a prejudicar o desenvolvimento dos corpos estranhos, pois cada ser vivo possui uma temperatura favorável para a manutenção da homeostase, ou seja, do equilíbrio das células, tecidos e órgãos.

Por essa razão, era de se esperar que a febre pudesse prejudicar a reprodução da Salmonella typhimurium, certo?

Contudo, todavia, entretanto ela promove justamente o contrário. A elevação da temperatura corporal, com foco especial no intestino, leva a um quadro de inflamação intestinal, o local onde essa bactéria se aloja, como mencionado anteriormente. Essa inflamação é resultante da secreção de uma proteína específica dessa bactéria (veja a Figura 3 abaixo) e prejudica o desenvolvimento da nossa flora intestinal.

Figura 3: Bactéria Salmonella typhimurium inserindo a proteína no tecido do intestino para causar a inflamação. Fonte: GALÁN, 2021. Segundo artigo das referências.

A flora é composta pela nossa microbiota, ou seja, um conjunto de microorganismos benignos que auxilia também na homeostase, na absorção de nutrientes, na defesa do corpo, na prevenção da obesidade, da ansiedade, da depressão e tem uma conexão direta com o nosso Sistema Nervoso. Bem interessante, né? Você já sabia da nossa microbiota e da sua importância? Mas isso fica para um outro dia! Vamos voltar à Salmonella ?!

Continuando, o desenvolvimento da nossa microbiota intestinal é prejudicado justamente pelo fato da Salmonella se proliferar mais e mais com a secreção dessa proteína e acaba causando uma competição entre os microorganismos benignos e malignos em nosso intestino. O corpo não está preparado para suprir a necessidade de todos eles e, por isso, além da febre podemos ter outros sintomas como diarréia, calafrios, cãibras abdominais, dores de cabeça, náusea e vômito.

E como podemos evitar que essa contaminação aconteça? Não podemos mais consumir produtos de origem animal?

De forma alguma! Na verdade, ao manter os bons hábitos de higiene pessoal e também manipular os alimentos da forma correta, estaremos reduzindo bastante a chance de termos contato com esse tipo de bactéria patológica e invasora.

Para nos prevenirmos, devemos lavar bem as mãos antes, durante e depois da manipulação dos alimentos. Além disso, esses produtos também devem ser higienizados da forma correta, seja com água corrente e detergente ou sabão, seja com uma solução de hipoclorito, sabe aquela que aparece no mercado junto com a alface?! Outra ação importante é cozinhar bem os alimentos, em especial a carne e os ovos.

Figura 4: Lave bem as mãos! (Creative Commons, Wordpress)

E, como não temos como saber a ação das outras pessoas, também precisamos ter cautela quando formos escolher um lugar para comer fora. Esteja sempre atento às condições de higiene dos restaurantes e lanchonetes que frequenta, já que não sabemos se essas medidas de prevenção estão sendo tomadas também por eles.

Agora você já sabe porque não podemos tirar o ovo que acabamos de comprar da caixa e fritar correndo para o lanche da tarde, não é mesmo? Lave bem os seus alimentos e continue se cuidando, okay?

Obrigada por nos acompanhar por aqui, aproveita e deixa um comentário lá no nosso Instagram @cienciassobtendas do que você achou desta postagem. Você também pode sugerir novos temas que gostaria de aprender sobre, combinado?

Nós do Ciências Sob Tendas nos comprometemos em sempre buscar a informação em fontes confiáveis e cientificamente comprovadas para transmitir o conhecimento de maneira fiel e correta!

Referências Bibliográficas

GALÁN, J. E. Salmonella Typhimurium and inflammation: a pathogen-centric affair. Nature Reviews Microbiology, EUA, v.11, p. 716-725, 19 mai. 2021.

BUCKLE, Geoffrey C.; WALKER, C. L. F.; BLACK, R. E. Typhoid fever and paratyphoid fever: Systematic review to estimate global morbidity and mortality for 2010. Journal of Global Health, EUA, v. 2, n. 1, p. 1041-1050, 7 jul. 2012.

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